Desde ontem estou em uma busca incansável por coisas antigas (sou uma nostálgica e acumuladora assumida) …
Tudo começou ao acaso, quando encontrei um cd com fotos tiradas há pelo menos 6 anos, rever tais fotos trouxe um sentimento único, inexplicável, foi como se um pedacinho dos momentos retratados, voltassem a cada foto vista. Desde então comecei a revirar a casa, em uma procura quase que agoniante pelo passado, como se a cada novo achado viesse um pouquinho de mim, um pouquinho de um "eu" que perdi.
Comecei na prateleira de cds e dvds, onde tenho vários backups de computadores que já nem tenho mais, encontrei fotos, músicas, textos… Então aquele, antes amargo, gosto de passado, tornou-se em um viciante e delicioso doce. Poder ver o que você fazia, ler o que você pensava e ouvir o que você escutava há anos atrás, é como um agradável encontro com você mesma. Não que eu tenha mudado horrores, as músicas e pensamentos são basicamente os mesmos, o exterior mudou muito (graças a Deus!!!), mas a essência não sofreu grandes mudanças, claro que com o passar dos anos muito se perdeu e muito foi acrescentado nessa essência, talvez por falta de tal "perda" fiquei tão alienada em busca de objetos e lembranças guardados, praticamente esquecidos.
Passei das prateleiras para o porão, onde tinha algumas caixas lacradas e ignoradas, mudei há cerca de 1 ano e meio e desembalei o básico, o necessário, algumas coisas ficaram esquecidas, guardadas (principalmente as que já haviam sido guardadas desde a moradia anterior ), assim como a vida que ficou para trás.
Mas hoje, violei o lacre do passado e deixei as lembranças voarem para fora daquelas caixas abandonadas.
Cada achado era uma emoção diferente, alguns me fizeram rir, outros engasgaram minha garganta de saudade e outros pareciam inconformados pelo esquecimento. Encontrei uma caixinha de madeira, que eu mesma pintei há muitos anos, a mesma não queria abrir de maneira alguma, como se o passado quisesse ficar lá guardado, talvez por estar ressentido, por anos de abandono, por fim, conseguir abrí-la trouxe uma sensação maravilhosa, mesmo que nada (físico) de muito importante estivesse lá dentro.
O fato é que cada objeto trazia um pouco de um "eu" que venho buscando há tempos.
Tinha tanta saudade de mim mesma que doía e esse "encontro" matou um pouco dessa saudade, é claro que como o passado, esse "eu" não volta nunca, mas é sempre bom relembrá-lo, não que eu me ache pior agora, para ser sincera nem melhor, só diferente e o diferente as vezes assusta.
As vezes é bom relembrar quem você era e rever quem você é, para filtrar só lado bom dessas "duas pessoas" e tornar-se uma melhor.
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As vezes sinto tanta falta de mim, que fico buscando pelos quatro quantos casa e da alma. |
“Você não é a mesma de antes. Você era muito mais ‘muitaz’. Você perdeu sua ‘muiteza’”
Alice no País das Maravilhas de Tim Burton